Famílias Cósmicas, um Novo Paradigma - Parte 2



primeira parte deste artigo nos trouxe a reflexão sobre a importância da tomada de consciência quanto a observação dos processos kármicos relacionados aos núcleos familiares e a necessidade de discernimento para tomarmos conta do momento em que a Vida nos convoca a transmutação desta etapa rumo ao rompimento com a Roda de Samsara, aquela que engloba caminhos definidos a partir da Lei do Carma. O Novo Ciclo planetário já nos convoca a vivermos a novas Leis em que para estarmos inseridos nelas há a necessidade de abandono e entrega total do livre arbítrio. O apego a supostos poderes de decisão baseados num livre arbítrio ainda muito condicionado faz com que a humanidade se mantenha presa a realidades que já poderiam ser transmutadas possibilitando assim uma economia cósmica a colaborar com todo processo de transição planetária.

Um exemplo da importância dos desapegos dos grupos familiares terrenos é claro, a própria história de Jesus Cristo quando sai de sua casa já a partir dos 13 anos e começa sua “missão”, e nem mesmo se preocupa em comunicar Maria e José onde é que estaria a levar as palavras de seu verdadeiro pai aos homens daquela época. Neste movimento, Jesus revela o exemplo do desapego. A impessoalidade nada tem a ver com a falta de amor e neste caso, Jesus já mostrava seus primeiros sinais aos pais terrenos de que a partir daquele momento era preciso que eles entregassem todo o amor e até mesmo o apego ao menino que foi tão bem cuidado até então, mas que precisava caminhar, a partir dali, com suas próprias pernas.

Outro episódio citado em antigas escrituras mostra mais uma vez a figura de Jesus a ressaltar o desapego à família terrena quando, num momento em que falava à várias pessoas e é abordado por alguém a comunicar que estava chegando sua mãe e seus irmãos ou primos, Jesus responde carinhosamente “Quem é minha mãe e meus irmãos?” com o objetivo de destacar que ali, os que estavam presentes junto dele, eram sua “mãe e seus irmãos”, ou seja, ali estava a verdadeira família, aquela que verdadeiramente o unia com o Pai.

Os tempos de transição planetária em que vivemos gera uma profunda transformação energética em todos os campos de todos os corpos e traz também toda uma transformação a nível biogenético, onde nossos corpos físicos já não precisam estar, necessariamente,  em conexão direta com campos genéticos de nossos pais ou mães. Desde que o planeta iniciou um novo ciclo, e isto vem ocorrendo deste final da década de 1980, os seres que tem chegado neste planeta já vem chegando com corpos modificados, predispostos a uma transmutação genética mais fluída e os que já aqui estavam começam a perceber a desconexão com tudo o que diz respeito ao núcleo familiar terreno porque os tempos são de unificação com a verdadeira família cósmica.

Ter consciência disso não significa termos que proporcionar rupturas agressivas ou desenlaces forçados, mas estar atentos a necessidade intrínseca do desapego, que queiramos ou não, vai acontecer. Um grupo familiar existe para que os ajustes sejam feitos. É ali dentro que acontece o verdadeiro resgate e cura de todo um passado de erros, equívocos, falhas e  processos doentios de uma humanidade velha que transitou por muito tempo sobre a escuridão de um mundo primitivo. O reencontro dentro dos grupos familiares possibilita a harmonização e a transmutação de toda carga que nos aprisiona no velho homem sendo assim, uma oportunidade de resgate, cura e libertação. A grande questão é que quando o ser ainda está em estado de dormência ou mesmo que desperto porém apegado aos corpos emocionais, o desenlace pode demorar muito mais tempo a acontecer. A matemática cósmica é de uma inteligência perfeita e traça os encontros de grupos e pessoas para que possa acontecer toda uma facilidade nos processos, mas o homem, ao insistir nos apegos dos jogos do ego, se perde  e joga fora a oportunidade da cura quando se permite manter agarrado a ilusão o apego.

Muitos são os processos que dificultam a própria evolução planetária por conta de escolhas egoístas que dificultam a assimilação do amor incondicional principalmente quando há o chamado para a mudança de paradigma mas há a resistência da quebra dos velhos padrões. Mesmo um homem consciente das questões planetárias e da urgência desses processos, compreendendo ser uma das partículas necessárias para toda essa transformação global, ainda assim pode ser ver apegado aos compromissos familiares tendo inclusive um possível ego sabotador a tentar o tempo todo a convencê-lo da importância do seu papel de pai, mãe, irmão mais velho, tio ou o que quer que seja.

As forças involutivas estarão sempre prontas a contaminar a mente daquele que tem uma missão maior e muito mais elevada do que simplesmente manter um núcleo familiar. Claro que todo o processo de um núcleo familiar precisa ocorrer num desfecho harmônico onde não haja ainda mais somas de karmas para um futuro ainda mais sobrecarregado de necessidade de purificação, porém, quando o homem compreende a entrega e a verdadeira fé como um processo natural do próprio grupo familiar, o amparo cósmico se dá para todos aqueles membros que conseguirão seguir seus passos já numa freqüência de neutralidade e sem as amarras dos corpos emocionais.

Olhar para a vida planetária com a consciência numa dimensão maior torna-nos espectadores de nós mesmos. Compreender a efemeridade do tempo diante uma realidade trivial dentro de uma dinâmica familiar, por exemplo, os permite, sem julgamentos, perceber a necessidade da liberação dos processos. Por vezes a vida pode trazer a oportunidade da liberação daquele karma em outras frentes, mas apegados ao sistema tradicional familiar, não enxergamos o convite à “salvação”. Essa dificuldade de enxergar acontece por dois motivos, primeiro pelo excesso de envolvimento emocional dos corpos que vibram na freqüência do apego e segundo; pelo temor ao novo e a falta de certeza e controle do que a vida esta a trazer lá na frente .

A grande questão é que ao demorarmos demais na cura  na libertação dos processos kármicos familiares entramos numa espécie de “delay” no desenrolar da evolução cósmica. Toda a rede de seres que estão conectados para o cumprimento de tarefas em benefício a transição planetária acabam sendo prejudicados. Claro que a misericórdia Divina é sabia e  já previa toda essa dificuldade e inclusive atua com um plano B, C, D etc..., porém, até mesmo para esse tempo há um limite. A humanidade chegou num ponto que já não há mais tempo para erros e equívocos. A sintonia do homem com baixas freqüências e o estado de hibernação pela qual a humanidade tem vivido tem trazido danos irreversíveis a casa planetária e com isso todo um processo de auto destruição. Sabemos que são vários os níveis e dimensões pelos quais estamos inseridos e que mesmo ainda não temos atingido a perfeição aqui na materialidade, acabamos por ter um suporte de seres que estão em conexão conosco em outros planos a nos possibilitar um suporte e um incentivo a mudança. O que acontece é que os tempos tem revelado um convite ao compromisso com a causa planetária num sentido mais profundo e concreto, ou seja, já não é mais tempo de simplesmente esperarmos a atuação dos anjos mas sim atingirmos o nível deles e ser como eles numa verdadeira e humilde consciência do comprometimento a algo maior.

Os grupos familiares terrenos precisam se redescobrir e se refazer. Uma verdadeira irmandade não se faz simplesmente pelos laços sanguíneos  ou pelas questões genéticas. Estarmos abertos a construção de um novo paradigma envolve estarmos abertos a verdadeiramente o novo e isso implica sairmos da nossa zona de conforto. É saber a hora de acolher quem tem que ser acolhido. É saber dizer adeus a quem precisa ir embora. É saber e definitivamente priorizar ações, tarefas e compromissos que estão diretamente associados à uma causa maior. É desapegar do conforto ilusório e aparente encontrados nos espaços físicos e mais, é deixar de dar tanta importância a coisas desnecessárias como questões domésticas e não fazer disso um problema, mas sim saber transcender o prático com naturalidade para abrimos campos para o transcendental.

Existe uma linha tênue entre o cuidado e o desapego. Olhar as questões materiais e até mesmo as pessoas que fazem parte de nosso grupo familiar com carinho e respeito não implica dependência ou prisão. É necessário um novo olhar nas relações com as dinâmicas de um lar para que todos aqueles ali presentes possam perceber a fluidez da vida com a naturalidade que é e estar sempre abertos ao fluxo do que ela pode vir a trazer ou pode vir a convidar a se retirar. A partida de uma pessoa, por exemplo, por vezes pode parecer dolorosa demais num olhar mais superficial , porém num olhar cósmico esse movimento pode ser tudo aquilo que a engrenagem espiritual precisava para o recomeço de um processo em outras frentes cujos resultados beneficiarão um coletivo e não apenas um ser. 

Fernanda Paz
Março, 2020

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