UBUNTU: da filosofia antiga africana à realidade para os novos tempos
A união de ideias e iniciativas com um foco comum a um bem maior é um dos caminhos para esse novo tempo que já existe. Quando há uma genuína intenção na construção de algo concreto, projetos ou atividades que tenham como o objetivo principal criar condições e mecanismos para uma sociedade melhor não há porque haver temores ou indiferenças. Uma filosofia e ética antiga africana conhecida como ubuntu já revelava o que de mais belo o atual cenário vem trazendo à sociedade os novos tempos: "sou quem sou, porque somos todos nós". Uma pessoa com ubuntu tem a consciência de que ela é afetada quando um semelhante seu é afetado, ou seja, ela sabe que não é uma "ilha" e que precisa dos outros para ser ela mesma. Ubuntu é compaixão, partilha e empatia, por isso, nessa filosofia tão antiga dos povos de língua zulu, podemos apreciar um breve movimento do que nos espera nessa nova humanidade que já está atuando com o foco na unidade, e não na separatividade, livres das amarras do medo e da ilusão tão fortemente alimentada por comportamento egoístas.
A essência de ubuntu é revelar que o ser humano é "ser com os outros" e que "ser com os outros" deve ser tudo. Traz um novo olhar que não permite mais perceber separatividades ou desarmonias, muito pelo contrário, unifica, coletiviza, desperta a observação profunda e individual em cada humano que ainda não percebeu que ao se isolar do todo, se isola de si mesmo. Nelson Mandela dizia: "Ao contrário do homem branco, o africano quer o universo como um todo orgânico que tende à harmonia e no qual as partes individuais existem somente como aspectos da unidade universal".
Que possamos sentir mais profundamente essa manifestação real da unidade e exalar em cada ação a verdadeira cortesia, o compartilhamento, a generosidade, o desprendimento e o senso de confiança. Que os novos tempos ressuscite as velhas filosofias como ubuntu sem apegos a nomes ou dogmas mas na verdadeira prática da essência do que significa sermos um com todos num contínuo e verdadeiro exercício de altruísmo em benefício de tudo aquilo que estiver mais próximo de nós; desde o núcleo familiar, à comunidade, uma cidade, um país, para que muito facilmente todo o planeta já possa ressoar nessa pacífica realidade de união.
Fernanda Paz
Dezembro 2019
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