Quando uma consciência recebe uma instrução para a realização de uma tarefa é porque esta já está pronta para realizá-la. Ainda que externamente há a impressão de desajuste nas possibilidades e dificuldade de visão dos caminhos para a concretização daquela obra, cabe a cada Ser confiar em total entrega à Vida Única dando início àquela ação para que as energias necessárias possam voltar-se àquele trabalho com o magnetismo adequado que fará chegar todas as demais estruturas para realização do mesmo.
Francisco de Assis quando recebia a primeira orientação sobre a construção da "casa do Pai", num primeiro momento acreditava ser a reconstrução da pequena ruína de São Damião, que precisava ser totalmente reparada e reconstruída. Ele agiu de tanta entrega e pureza de coração que seus próprios desafios, obstáculos e dificuldades foram, de certa, maneira, verdadeiros degraus para uma obra muito maior que estava por vir e que Francisco apenas se daria conta num momento depois quando a irmandade já estava consolidada: a comunidade depois conhecida como os "irmãos de Assis"; ou "os franciscanos".
O pequeno e humilde grupo que seguiu o "fogo" abrasador que pulsava do coração sincero de Francisco, tempos depois acessava os portões duros de um Vaticano materialista, com um clero perdido na deturpação do verdadeiro cristianismo e que então se viram rendidos à humildade, ao amor e à pureza do grupo que ganhava "autorização" para criar assim uma Nova Ordem, totalmente fora do contexto luxuoso da igreja que se perdia desde então.
Para que Francisco pudesse obter a graça da verdadeira humildade e serviço a ponto de proporcionar uma verdadeira reestruturação nos valores da Igreja Católica da época, foi necessário o primeiro passo, o ato do pioneirismo, da vanguarda, aquele que recebe a instrução e vai, e segue, sem dar atenção nem voz às arestas que vão surgindo pelo caminho. O amor pelo Divino e a total devoção de Francisco fazia com que ele não conseguisse se atentar a nenhum tipo de controvérsia ou pormenores comuns daquela época como o frio extremo de uma região da Itália onde era comum temperaturas baixíssimas com a neve; e nem mesmo a aparente solidão ao dar início ao seu trabalho - pedra por pedra - abaixo de chuva ou ventos frios, com o intuito e com a alegria total em canalizar toda sua energia naquela obra que na sequência receberia outras pessoas atraídas pelo amor, fidelidade
e devoção de Francisco.
O primeiro passo, o início, a vontade e poder. A energia do Primeiro Raio que chega para desestruturar, remover o velho e para fazer surgir o novo. Uma energia ainda desconhecida nesses tempos e difícil de ser aceita pela grande maioria das pessoas. As raras almas motivadas pelo Primeiro Raio nesta fase da transição planetária geralmente causam desconforto aos que cruzam pelo seu caminho. Os que estão próximos daqueles que exalam essa energia podem se sentir desconfortáveis, insatisfeitos, incompreendidos e até mesmo agredidos. Eis então que a grande escola da Vida convida aquele que trás consigo essa forte energia, a harmonizá-la para que qualquer tipo de impacto e mudança de paradigmas sejam feitos no amor.
E a famosa cena histórica de Jesus, o Cristo, a destruir o comércio dentro do Templo em Jerusalém quando movido pela energia do Primeiro Raio, manifestava a necessidade da ordem dentro de um espaço sagrado. A dificuldade dos homens da época em compreender a linguagem e expressão de Jesus com seus movimentos "agressivos"; não o faziam perceber que para que seja estabelecido a ordem é necessário primeiro a desconstrução. Para que aja a Verdade, a Vontade e o Poder, é necessário estruturas limpas, claras, harmônicas, sinceras, sem o apelo dos egos, sem a malícia da criatura, mas a real expressão do Criador.
Se tentarmos ilustrar algo semelhante, porém muito distante ainda da realidade, mas apenas para tentar clarificar uma manifestação de algo que transitaria pela energia pioneira; seria mais ou menos aquele momento em que uma pessoa fala para a outra profundas verdades que colaborarão com uma auto reforma do outro mas que o outro, por não estar disposto a se auto reformar, toma aquela informação como uma agressão. Tão difícil ainda é nesses tempos, para o ego humano, aceitar palavras duras, mas de profundas transformações. Claro que o caminho leve e doce do amor sempre é muito mais generoso dependendo dos processos, mas há personalidades que inevitavelmente só irão se dar conta dos obstáculos que causam para si mesmas, por meio de disciplinas ou ordens mais rígidas, sejam elas por meio de palavras ou até mesmo por um silêncio transformador.
Ser agente ou receptor de energias fortes e intensas que desconstroem para reconstruir. Uma realidade que tende a ser cada vez mais comum nesses tempos onde a transformação planetária está só começando. Até mesmo porque os tempos são de total desconstrução e aprender a perceber no caos a beleza da harmonia que logo mais se manifestará é a grande chave para que todas as mentes e corações possam transitar por este solo chamado Terra.
Fernanda Paz
Setembro 2020
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