Estar verdadeiramente atento ao movimento da vida exige soltar qualquer tipo de expectativa. Poderíamos usar a palavra "benção", "graça" ou como for mais acessível àqueles que compreendem a ação de algo Maior a se manifestar em nossas vidas por meio de uma situação ou circunstância. Experimentar a desilusão é um dos grandes caminhos para uma nova etapa nessa trajetória terrena enquanto humanos e habitantes neste planeta.
A desilusão, assim como a falta de esperança ou até mesmo o desapontamento ou sentimento de frustração fazem parte de todo processo de aprendizagem e amadurecimento do ego para um verdadeiro retorno à sua morada, a essência que o habita. Em termos práticos, a desilusão pode acontecer de muitas maneiras e envolvem não só questões materiais concretas como também sutís ou abstratas.
A projeção de expectativas em coisas e/ou pessoas ou até mesmo em situações ou circunstâncias nos mantêm, em determinadas situações, até um certo ponto quando o processo da desilusão surge num impacto para desestruturar as ilusões criadas pelo próprio ego.
Ainda que o corpo emocional ou mental sofram com processos de desilusão, a incrível força motriz geradora em cada Ser após uma vivência como essa, por onde a desilusão tenha se instalado, pode gerar toda uma catarse de transformações a nível interno e externo.
Entre outros benefícios em termos de amadurecimento integral do Ser com o episódio da desilusão, está a economia de tempo que o universo possibilita junto às vidas que podem ser melhor desempenhadas, principalmente no que diz respeito aos seus compromissos como almas, em situações opostas àquelas em que um indivíduo poderia estar canalizando sua energia de maneira equivocada. Porém, considerando que nada está errado diante do Universo que nos opera, o próprio experenciar da desilusão permite a cada ser, liberar pensamentos, emoções, ações ou experiências para que se possa então, voltar ao foco daquilo que verdadeiramente É.
Viver o Aqui e Agora é uma as grandes ferramentas que possibilita o desapego de expectativas e consequentemente a observância da desilusão como um trecho de um filme qualquer que passa diante dos olhos sem apego ou aversão. O que fica de um processo profundo de desilusão é um grande despertar e reconhecimento das capas ilusórias dos egos - do indivídio que vive a desilusão e também daqueles que serviram de personagens para o jogo acontecer.
E então, num amadurecimento sincero de entrega à Vida, a desilusão pode, inclusive, manter-se como aliada, numa espera qualquer, logo ali ao lado como que espreitando o momento em que o ego pode, mais uma vez, se desaperceber de seus próprios passos. E assim, observadores que podemos ser, acabamos por abraçar a desilusão como um grande resgate do próprio Ser que verdadeiramente É e que, em gratidão, pode seguir a jornada rumo à tudo o que há de mais belo nos bastidores do infinito, onde só mesmo um passo de cada vez pode e está traçado a acontecer.
Fernanda Paz
Maio, 2020
Fernanda Paz
Maio, 2020
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